quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Cunhal dá nome a rua de Santa Clara


Carlos Encarnação homenageou o seu adversário político ao afirmar que em Coimbra não há nomes proibidos. O presidente da Câmara Municipal de Coimbra diz que em Coimbra há "liberdade, tolerância e democracia" e que faz todo o sentido existir uma rua chamada de Álvaro Cunhal.
A rua Álvaro Cunhal fica situada no Alto dos Barreiros, freguesia de Santa Clara, concelho de Coimbra, onde o dirigente do Partido Comunista Português (PCP) nasceu.
No dia em que completaria 94 anos, o histórico líder do PCP, sempre adverso a homenagens, acabou por ser alvo de um preito, considerado "muito justo" pela sua irmã, Eugénia Cunhal. Mais de duas centenas de pessoas participaram nesta cerimónia.
A placa, descerrada por Carlos Encarnação, Jerónimo de Sousa e Eugénia Cunhal, foi o culminar de uma proposta, da Comissão de Toponímia, aprovada pelo executivo municipal, da coligação de direita.
"Os nomes que constam nas ruas são os que o povo escolhe. Em Coimbra, não há nomes proibidos. Álvaro Cunhal era meu adversário político, mas, concorde-se ou não, teve o mérito de lutar por ideais. Nunca confundi as divergências políticas com a admiração que tinha pela figura de Álvaro Cunhal.
Jerónimo de Sousa saudou a decisão de Coimbra ter atribuído o nome de Álvaro Cunhal a uma rua. O secretário-geral do PCP relembrou o percurso do político, mas também do escritor.

Unidade de Cuidados Continuados com uma solução à vista



A compra da maioria do capital social da Unidade de Saúde de Coimbra (USC) por um investidor deve ocorrer já nos próximos dias, pondo um ponto final nas dificuldades dos últimos tempos.
Segundo as declarações do coordenador da comissão directiva do estabelecimento à agência Lusa, Pedro Nunes, "a compra da maioria das acções por um investidor está garantida".
Nos últimos dias afigurava-se o possível encerramento da instituição, que tem 110 doentes internados, no âmbito de um protocolo assinado com o Ministério da Saúde para funcionar como unidade de cuidados continuados; e 90 trabalhadores.
De acordo com Pedro Nunes assim que o novo acordo for assinado, a prioridade vai para o pagamento de salários em atraso, para a regularização do processo com a Segurança Social e da situação global do estabelecimento.
Além disso, já se prevê o alargamento das actividades do USC, com um novo bloco operatório e com a aplicação de meios financeiros nos sectores do ambulatório e meios complementares de diagnóstico.
A crise instalou-se às duas semanas, quando foi apresentado um abaixo-assinado, em que os trabalhadores ameaçavam cessar os trabalhos, caso não houvesse a regularização dos salários em atraso e a reposição "stocks" de bens consumíveis.

Coimbra: Liga dos Combatentes comemora Armistício


Na passagem de mais um aniversário do Armistício de 1918, o núcleo de Coimbra assinalou a efemeridade no passado dia 12 de Novembro, com uma missa de acção de graças na igreja da Graça e uma cerimónia junto ao Monumento aos Mortos pela Pátria (ao cimo da Avenida Sá da Bandeira), onde foram depostos ramos de flores e foi proferida uma alocução alusiva à data, pelo Padre Doutor António Jesus Ramos. Uma força militar prestou as devidas honras e o capelão militar da Brigada de Intervenção pronunciou uma pequena oração. O encontro terminou com um almoço convívio no restaurante da Liga dos Combatentes, na rua da Sofia.


Faz 90 anos em 2008. O dia coincide com o São Martinho. Em toda a Europa, a 11 de Novembro também se assinala o Armistício da I Grande Guerra. Em Coimbra, como em todo o país, a Liga dos Combatentes não esqueceu a data, mas preferiu guardar as comemorações para o dia seguinte, ou para o dia 12 de Novembro.
Para o coronel João Rodrigues Teixeira, os cerimoniais deste Armistício deveriam ser os últimos de cinco anos que leva, à frente da direcção do Núcleo de Coimbra da Liga dos Combatentes. Não obstante, a insistência do presidente da direcção central da organização, o tenente-general Chito Rodrigues, deverá fazer com que aceite prosseguir, para mais um mandato.
Segundo o Padre Doutor António Jesus Ramos, a melhor forma de prestarmos homenagem aos heróis da Primeira Grande Guerra Mundial "é sermos, aqui e agora, homens e mulheres dignos da sua memória, cidadãos e cidadãs conscientes do dever de elevarmos, tão alto quanto nos for possível, o respeito por esta Pátria que não escolhemos, mas que aprendemos a amar, e amamos de verdade." O discurso deste sacerdote incidiu sobre o patriotismo e da necessidade de combater os contra-valores da sociedade de hoje.
O Padre Jesus Ramos que se dirigia aos "combatentes de ontem e de hoje", disse estar convencido que trairíamos a sua memória se não continuássemos todos a ser combatentes de verdade na mais ampla acepção da palavra. "Não apenas defendendo, mas proclamando, sem cobardias e sem medos, os princípios constitutivos da nossa nacionalidade, ou até, se preciso vier a ser, atacando frontalmente alguns contra-valores que, pela sua natureza espúria, não são compagináveis com a dignidade, eu diria mesmo com o orgulho de um «nobre povo», de «uma nação valente» que sabe onde mergulha as suas raízes e para onde pretende orientar os seus passos", enfatizou.
Para muita gente, alheia à vida militar, a Liga dos Combatentes, em Coimbra, não passa de um "refeitório às ordens" dos grupos de estudantes que, periodicamente, ali organizam ruidosos jantares de curso, refere ainda o coronel João Teixeira. Na realidade, o serviço de refeições está, desde o início da década de 1980, concessionado a um privado, que, naturalmente, procura rentabilizar o negócio. Para alguns dos sócios, por contra, o espaço da Liga funciona como uma espécie de centro de Saúde, no centro da cidade, que disponibiliza consultas médicas, duas vezes por semana, e um enfermeiro diariamente, funcionando, ainda, como posto intermédio, drenando para o Hospital Militar Regional de Coimbra.
Mas o Núcleo de Coimbra da Liga dos Combatentes é muito mais do que isto. E, sobretudo, tem uma actividade ampla e um potencial imenso. Basta atentar nas instalações de que dispõe, na Rua da Sofia, com um esplêndido claustro, bar e serviços complementares, como ginástica, atelier de ocupação de tempos livres e muito espaço para convívio, que os associados da Liga vão aproveitando para se encontrarem, jogarem às cartas, verem televisão, lerem jornais, etc.
O incremento do convívio é, de resto, uma das apostas do coronel João Teixeira. "Gostava de implementar a prática do futsal e também de promover um torneio de sueca", refere, olhando já para o que poderá ser o seu próximo mandato.


Miguel Cotrim