quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Coimbra: Liga dos Combatentes comemora Armistício


Na passagem de mais um aniversário do Armistício de 1918, o núcleo de Coimbra assinalou a efemeridade no passado dia 12 de Novembro, com uma missa de acção de graças na igreja da Graça e uma cerimónia junto ao Monumento aos Mortos pela Pátria (ao cimo da Avenida Sá da Bandeira), onde foram depostos ramos de flores e foi proferida uma alocução alusiva à data, pelo Padre Doutor António Jesus Ramos. Uma força militar prestou as devidas honras e o capelão militar da Brigada de Intervenção pronunciou uma pequena oração. O encontro terminou com um almoço convívio no restaurante da Liga dos Combatentes, na rua da Sofia.


Faz 90 anos em 2008. O dia coincide com o São Martinho. Em toda a Europa, a 11 de Novembro também se assinala o Armistício da I Grande Guerra. Em Coimbra, como em todo o país, a Liga dos Combatentes não esqueceu a data, mas preferiu guardar as comemorações para o dia seguinte, ou para o dia 12 de Novembro.
Para o coronel João Rodrigues Teixeira, os cerimoniais deste Armistício deveriam ser os últimos de cinco anos que leva, à frente da direcção do Núcleo de Coimbra da Liga dos Combatentes. Não obstante, a insistência do presidente da direcção central da organização, o tenente-general Chito Rodrigues, deverá fazer com que aceite prosseguir, para mais um mandato.
Segundo o Padre Doutor António Jesus Ramos, a melhor forma de prestarmos homenagem aos heróis da Primeira Grande Guerra Mundial "é sermos, aqui e agora, homens e mulheres dignos da sua memória, cidadãos e cidadãs conscientes do dever de elevarmos, tão alto quanto nos for possível, o respeito por esta Pátria que não escolhemos, mas que aprendemos a amar, e amamos de verdade." O discurso deste sacerdote incidiu sobre o patriotismo e da necessidade de combater os contra-valores da sociedade de hoje.
O Padre Jesus Ramos que se dirigia aos "combatentes de ontem e de hoje", disse estar convencido que trairíamos a sua memória se não continuássemos todos a ser combatentes de verdade na mais ampla acepção da palavra. "Não apenas defendendo, mas proclamando, sem cobardias e sem medos, os princípios constitutivos da nossa nacionalidade, ou até, se preciso vier a ser, atacando frontalmente alguns contra-valores que, pela sua natureza espúria, não são compagináveis com a dignidade, eu diria mesmo com o orgulho de um «nobre povo», de «uma nação valente» que sabe onde mergulha as suas raízes e para onde pretende orientar os seus passos", enfatizou.
Para muita gente, alheia à vida militar, a Liga dos Combatentes, em Coimbra, não passa de um "refeitório às ordens" dos grupos de estudantes que, periodicamente, ali organizam ruidosos jantares de curso, refere ainda o coronel João Teixeira. Na realidade, o serviço de refeições está, desde o início da década de 1980, concessionado a um privado, que, naturalmente, procura rentabilizar o negócio. Para alguns dos sócios, por contra, o espaço da Liga funciona como uma espécie de centro de Saúde, no centro da cidade, que disponibiliza consultas médicas, duas vezes por semana, e um enfermeiro diariamente, funcionando, ainda, como posto intermédio, drenando para o Hospital Militar Regional de Coimbra.
Mas o Núcleo de Coimbra da Liga dos Combatentes é muito mais do que isto. E, sobretudo, tem uma actividade ampla e um potencial imenso. Basta atentar nas instalações de que dispõe, na Rua da Sofia, com um esplêndido claustro, bar e serviços complementares, como ginástica, atelier de ocupação de tempos livres e muito espaço para convívio, que os associados da Liga vão aproveitando para se encontrarem, jogarem às cartas, verem televisão, lerem jornais, etc.
O incremento do convívio é, de resto, uma das apostas do coronel João Teixeira. "Gostava de implementar a prática do futsal e também de promover um torneio de sueca", refere, olhando já para o que poderá ser o seu próximo mandato.


Miguel Cotrim

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