quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Quando um ministro fala…



Há palavras que não ficam nada bem ao ministro que tutela a pasta da Saúde. Na sua recente visita ao futuro hospital pediátrico, interpelado por um jornalista sobre os sucessivos atrasos da obra, Correia de Campos respondeu: «Se as suas avozinhas não tivessem morrido ainda hoje eram vivas».
Só quem não tem a noção da realidade, pode responder deste jeito. Só quem não sabe das condições de trabalho dos profissionais de saúde daquele tão velhinho hospital pediátrico pode responder dessa maneira. Só quem nunca viveu a aflição dos pais que ali têm de se deslocar com os seus filhos, pode responder com tais palavras.
Para além de palavras, há vidas humanas. Pouca sorte, teve aquele bebé que morreu às portas do hospital de Anadia. Caso as urgências não tivessem encerradas, nada diz, que aquela criança poderia se ter salva. O mais é certo é que não.
Ninguém gosta de se sentir inseguro. Ninguém gosta de se deslocar uns 30 quilómetros para ir a um hospital, quando se tem um ao pé de casa. Entendo as razões do ministro da Saúde. O sector da Saúde, para bem servir as populações, precisa de ser planeada a nível nacional, para depois se distribuir, convenientemente, os seus recursos pelo país. Correia de Campos falhou redondamente porque nunca explicou (ou não soube explicar) aos portugueses toda esta reformulação nas urgências hospitalares.
Quando se trata de encerrar maternidades, urgências e centros de saúde, é necessário muita cautela. Não podemos aplicar políticas economicistas nos sectores mais frágeis da nossa sociedade. A saúde, tal como a acção social deve ser prioridade de qualquer Governo. Quem aplica estas leis, não pensa nos prós e contras, porque onde vivem, nada lhes falta.
Mais que uma remodelação no serviço nacional de saúde, impõe-se uma mudança do ministério. "O que nasce torto, tarde ou nunca, se endireita".
È de louvar a candidatura da Alta, da Universidade e da Rua da Sofia (na Baixa) à património mundial da UNESCO. Todas as entidades estão unidas, nomeadamente a Câmara Municipal e a Universidade de Coimbra. Foi bom saber o "empenho" do ministério da Cultura na "salvaguarda e intervenção do património de Coimbra". È pena que Isabel Pires de Lima, responsável pelo ministério da Cultura não tivesse mostrado mais empenho nesta candidatura. Para ser franco, até esperava mais algumas palavras da ministra, nem que fossem só de incentivo. Coimbra, não é só tradição, é também inovação, como tão bem soube referir o Presidente da República. Fora da Capital, não há só deserto e camelos…senhores ministros! Há também cidades, vilas e aldeias.

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